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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Do fundo do baú: BOTAFOGO(RJ) 4 x 0 FORTALEZA (CE)(1969)

No dia 4 de Outubro de 1969, num Sábado, Botafogo Fortaleza se enfrentaram nO Maracanã pelo 2º jogo da decisão da Taça Brasil e os alvinegros saíram vencedores por 4 tentos a 0, conquistando assim a Copa do Brasil.

Principal Artilheiro do Campeonato
Ferreti(BOT)......7 gols

O Jogo

BOTAFOGO(RJ) 4 x 0 FORTALEZA (CE)
Data: 04 / 10 / 1969
Taça Brasil / Decisão
Local: Maracanã
Gols: Ferretti (2), Roberto e Afonsinho.
Árbitro: Guálter Portela Filho
BOTAFOGO: Cao, Moreira, Chiquinho Pastor (Leônidas), Moisés e Waltencir; Carlos Roberto (Nei Conceição) e Afonsinho; Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar / Técnico: Zagallo
FORTALEZA: Mundinho, William, Zé Paulo, Renato e Luciano Abreu; Luciano Frota e Joãozinho; Garrinchinha, Lucinho, Erandir (Amorim) e Mimi / Técnico: Gílvan Dias.

OBS: Botafogo Campeão da Taça Brasil
O craque: Afonsinho


Afonso Celso Garcia Reis, nascido em Jaú em 3/09/47, estreou no time titular do Botafogo com 17 anos, em 1965, recém-chegado de Jaú, interior paulista, ora substituindo o gaúcho Élton, ora Aírton, para formar o célebre meio campo com Gérson. Foi bicampeão Carioca em 1967/1968.

Em 1970, por ter-se rebelado contra a Lei do Passe - foi o primeiro jogador de futebol a conquistar o passe na Justiça - foi parar no Olaria, que na época formou um grande time graças ao mecenas Álvaro da Costa Melo, disposto a ameaçar os seis grandes do Rio - Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco, América e Bangu. jogou no XV de Jaú (62/64), Botafogo (65/69), Olaria (70), volta ao Botafogo (70), retorna ao Olaria (71), segue para o Vasco (71), Santos (72), Flamengo (73/74), América MG (75), XV de Jaú (77), Madureira (80) e Fluminense (81/82). Além desses times atuou pelo "Trem da Alegria" (76,78,79), time que reunia diversos craques como Brito e Samarone e jogava amistosos pelo Brasil afora.

Sua principal marca foi sua eterna briga com a "cartolagem" e técnicos. Numa época que "estudante era para estudar", "jogador de futebol para jogar futebol", Afonsinho rebelou-se contra a estrutura arcaica e autoritária do nosso futebol e lutou pelo direito de trabalhar onde quisesse, ganhado o "Passe Livre" na Justiça.

Afonsinho era chamado de jogador-hippie, jogador-problema, jogador-maldito ou, ainda, jogador-iê-iê-iê (como se dizia naqueles anos 60/70). Em pleno regime militar (que expandia seu modelo de disciplina e controle, inclusive ao futebol), Afonsinho enfrentou (e venceu) a estrutura de mando no Botafogo.

Leia um depoimento de Afonsinho: "Tive desentendimentos com Zagalo, o futebol estava deixando de ser uma coisa prazerosa e, nessa época entrei na Justiça reivindicando o direito de exercer minha profissão em outra equipe, uma vez que os cartolas do Botafogo não se dispunham a liberar meu passe. Não aceito interferência em minha vida, eles alegavam que eu tinha que cortar a barba e o cabelo, que era indisciplina e coisa e tal. Mas o que estava por detrás disso era que eles queriam me aprisionar ao clube.... eu morava a meia quadra do estádio do Botafogo e ir para lá era um martírio.Quando fui emprestado ao Olaria, renasci. Tinha que atravessar a cidade inteira, acabava o treino ao meio-dia, e todo suado encarava a Avenida Brasil na maior felicidade".Por conta disso, comecei a mudar de clube e pude disputar Campeonatos Cariocas também com as camisas do Flamengo, do Fluminense, do Vasco e do Olaria. Só não vesti a do América e do Bangu, mas tive uma passagem pelo Madureira, levado pelo Félix para disputar um tal de Torneio da Morte - relembra o médico Afonso Celso.

Mas, consciente das dificuldades dos clubes, lamenta a atual relação clube-jogador e a conseqüente queda de público dos jogos regionais.- Como jogador, sempre me espelhei na maneira como jogadores como o Nílton Santos e Zizinho se relacionavam com os clubes. Lembro até hoje que o Nilton e o Didi se referiam ao Botafogo como ''Botafoguinho'', carinhosamente. O compromisso do jogador hoje é mais forte com o empresário, com o cara que o representa, do que com o clube. Só isso já dilui muito a união da classe. Mas quando o espetáculo é bom, tem público. Não importa se o torcedor é apaixonado pelas cores do clube, pelo Botafogo, Fluminense, Santos, Corinthians... Se os times prometem bom espetáculo, as pessoas se interessam vão ver. Nunca me esqueço de uma frase do João Nogueira, que era flamenguista: ''Cansei de sair de casa, no subúrbio, só para ver o Garrincha jogar''.

O ex-meia atribui parte desta relação ao advento da televisão como divulgadora do futebol.- Estamos vivendo um momento de adaptação. O esporte se tornou um grande negócio e isto implica mais garantia ao clube e jogador. Mas o clube muda de elenco duas, três vezes na temporada. Como ajustar um time que depende de jogar junto, do coletivo, com uma rotatividade tão grande - completa.

No Brasil, barba comprida, em meado da década de 70, era layoutirreverente. Usuários eram confundidos como subversivos ou fora da lei, e, por isso, discriminados. O ex-meia Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho, foi um dos barbudos perseguidos quando jogava no Botafogo (RJ). Em 1971, foi impedido de treinar e deu o troco na medida. Recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva da antiga CBD (Confederação Brasileira de Desporto) contra a proibição do exercício profissional e entrou para a história como o primeiro jogador do País a conseguir passe livre.

Por caprichos de cartolas identificados com a rigidez do regime militar da época, o Botafogo perdia muito da inteligência de seu meio-de-campo. Afonsinho antevia a jogada. Mal recebia o passe já acionava rapidamente um companheiro de ataque. Diferente de vários meias que tocavam a bola de ”ladinho”, jogava em profundidade e tinha uma belo arremate de meia distância.

Embora identificado na época como jogador rebelde, nem de longe se assemelhava aos briguentos atacantes Almir Pernambuquinho e Serginho Chulapa. Na prática, era diferenciado porque tinha um substancial conhecimento dos direitos de atletas e não hesitava em exigi-los. Diferentemente da maioria dos jogadores monossilábicos, era líder, inteligente, combativo e suas entrevistas eram marcadas por posições firmes.

E enquanto os cartolas do Botafogo ficaram “chupando o dedo”, Afonsinho estava na “crista da onda” e fazia sucesso nos clubes que passava, como Vasco, Flamengo, Santos, Atlético Mineiro e Fluminense, onde encerrou a carreira aos 35 anos de idade, em 1982. E mais: quando parou de jogar foi exercer a profissão de médico, fruto da diplomação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

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