O Fluminense corre atrás de reforços de peso. Números astronômicos são cogitados para contratar o volante Mineiro, o atacante Rafael Sobis e os dois meio-de-campo: William, do Shakhtar Donetsk e o argentino Dátolo, pela cifra agora de U$$ 5 milhões. Vejamos abaixo se o Tricolor das Laranjeiras tem dinheiro em caixa para trazer tantos craques da bola.
De acordo com matéria publicada no blog Futebol & Negócio, a situação do Fluminense não é nada animadora. Até mesmo a parceria com a Unimed anda estremecida após o fiasco na final da Libertadores. O presidente Roberto Horcades terá muito trabalho para pôr as contas em dia. Veja os gráficos e confira.
"Chegou a vez de falarmos sobre o balanço do Fluminense, mais um dos grandes clubes do Brasil a publicar suas informações contábeis. Para os torcedores do tricolor carioca, no entanto, as notícias não são nada animadoras…
Quem ler o balanço do clube provavelmente será levado a fazer a mesma pergunta que eu me fiz: como um clube com a tradição esportiva e a torcida de expressão nacional do Fluminense chegou a uma situação financeira tão desastrosa? Uma das respostas, eu creio, está na absoluta impunidade fiscal que privilegiava os clubes e, principalmente, seus dirigentes até a entrada em vigor da Lei Pelé.
O déficit do Fluminense em 2007 foi monumental: R$ 139,4 Milhões! OK, vamos considerar que a grande maior parte desse déficit é contábil, e portanto não representou volume de dinheiro saindo do caixa do clube no exercício. Mais de R$ 100 Milhões foram provisionados contabilmente para contingências fiscais, trabalhistas e cíveis, e nesse valor se encontra parte da dívida fiscal assumida com a Timemania, que totaliza R$ 114,6 Milhões. Ainda assim, descontando-se as provisões e os altos valores de depreciação (que também não representam dinheiro saindo do caixa do clube), o déficit alcançou os R$ 24,5 Milhões.
Veja abaixo o resultado do Fluminense em 2007 e sua comparação com os números de 2006:
Em empréstimos de curto prazo o Flu deve nada menos que R$ 12,7 Milhões. Com relação à Unimed (questão levantada por vários leitores) a dívida é de 1 Milhão de reais, aproximadamente.
Em um cálculo aproximado, a dívida total do Fluminense supera os R$ 200 Milhões.
Para piorar a situação, o Flu antecipou mais de R$ 8 Milhões em receitas no ano de 2007 (R$ 4,5 Milhões apenas com a TV Globo), e sobre todas as suas rendas a partir de 2008 serão descontados 22% para pagamento de dívidas trabalhistas no valor de R$ 38 Milhões, cumprindo acordo firmado em dezembro do ano passado através do TRT do Rio de Janeiro, com o compromisso de que sejam pagos através desse mecanismo, no mínimo, dez milhões anuais. Até a assinatura desse acordo o clube tinha 15% descontados em todas as suas rendas, cumprindo acerto anterior.
Para que se tenha uma idéia da magnitude desse compromisso, lembro que as receitas totais do tricolor em 2007 não chegaram a R$ 40 Milhões.
Abaixo apresento a composição de receitas do departamento de futebol do Fluminense e, separadamente, do depto.social e esportes amadores:
Observem que as receitas de direitos de TV representam quase 60% de tudo que o futebol auferiu em 2007. E o que é pior: o Flu não contou com a tábua de salvação utilizada pela maioria dos clubes brasileiros; o dinheiro conseguido com a venda (e empréstimos) de jogadores foi muito pequeno, não chegando a um milhão e meio de reais. Para que se tenha uma idéia, o jogador Lenny foi emprestado ao Sporting de Braga por um ano - até 30/06/2008 - pela quantia aproximada de R$ 250 mil.
As receitas de bilheteria são muito pequenas em valores absolutos e os valores de patrocínio bastante baixos, ainda que tenham crescido 21% em 2007.
Para esse ano, espera-se que o Fluminense ao menos tenha melhores resultados com a bilheteria, em função da boa campanha que teve na Taça Libertadores da América. Por outro lado, aparentemente o custo com o futebol está aumentando em 2008.
Interessante notar que o clube declara em seu balanço um patrimônio que chega a quase R$ 320 milhões, sendo R$ 257 Milhões em imóveis da sede social – a reavaliação a preços de mercado foi feita e aprovada pelo conselho do clube em 2005. Em outras palavras, o Flu, ao menos em seu balanço e a despeito de variáveis de mercado imobiliário e liquidez, possui um patrimônio que lhe dá suporte para tomar decisões estratégicas que lhe permitam sobreviver."
Matéria: Mauricio Bardella - Futebol & Negócio
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