O Jogo
BOTAFOGO (RJ) 1 x 0 BANGU(RJ)
Data: 22/10/1957
Campeonato Carioca
Local: Maracanã
Árbitro: Alberto da Gama alcher
Gol: Quarentinha
BOTAFOGO: Adalberto, Tomé e Nilton Santos; Beto, Pampolini e Ney; Garrincha, Rosi, Paulo Valentim, Édson e Quarentinha.
BANGU: Ernâni, Darci e Nílton Santos; Alcides, Zózimo e Faria; Calazans, Mário, Ubaldo, Wilson e Luís Carlos.
O Craque: QuarentinhaValdir Cardoso Lebrego, o Quarentinha, nasceu no Pará, a 15 de setembro de 1933, e morreu no Rio, antes de completar 63 anos, a 11 de fevereiro de 1996. Foi maior artilheiro da história do Botafogo de Futebol e Regatas, com 308 gols. Estreou no Botafogo contra o São Paulo, no Maracanã, a 26 de junho de 1954, na vitória de 5 a 1 sobre o tricolor paulista pelo extinto Torneio Rio-São Paulo.
Quarentinha marcou um gol de pênalti – uma bomba indefensável no ângulo esquerdo do goleiro do tricolor paulista, cabendo a Dino da Costa (2), Carlyle Cardoso (1919-2002) e Paulinho Omena completarem o placar. Sua despedida ocorreu a 21 de novembro de 1964, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, no empate de 1 a 1 com o Bonsucesso. O gol alvinegro foi marcado por Arlindo, vendido depois ao futebol mexicano e ex-companheiro de Jairzinho e Roberto Miranda nos juvenis.
Quarentinha – filho de um paraense que no Exército tinha o número 40 (daí seu apelido como jogador) – disputou 446 partidas pelo Glorioso, foi campeão carioca de 1957 e 1962, campeão do Rio-São Paulo de 1962 e 1964, campeão do Quadrangular de Bogotá em 1960, campeão do Pentagonal do México em 1962, campeão do Torneio de Paris em 1963 e do Torneio Internacional do Suriname em 1964.
Não foi campeão carioca na temporada de 1961 porque sofreu grave contusão no joelho numa excursão da Seleção Brasileira, em 1960, e só voltou a atuar a 3 de janeiro de 1962, na histórica partida amistosa em que o Botafogo derrotou o Santos por 3 a 0, no Maracanã, diante de 150 mil pessoas numa quarta-feira à noite. Mesmo assim, atuou apenas no primeiro tempo, sendo substituído por China. Nessa noite, Botafogo e Santos receberam as faixas de campeões pelos títulos de 1961 no Rio e São Paulo.
No Campeonato Carioca, foi tricampeão dos artilheiros das temporadas de 1958, 1959 e 1960. Pela Seleção Brasileira, jogou 17 vezes, de 1959 a 1963, marcando 17 gols. Quarentinha – a quem vi jogar desde a estréia, pela televisão – foi, digamos assim, um jogador para lá de estranho. E estou escrevendo isso depois de ouvir depoimentos de jogadores que atuaram com ele em várias temporadas. Através dessas revelações, fiquei sabendo, por exemplo, que ele não se dava com Paulo Valentim (1932-1984), embora os dois tenham sido brilhantes campeões em 1957, com João Saldanha (1917-1990), e em 1962, com Marinho Rodrigues – pai adotivo de Paulo César (Caju) Lima.
Quarentinha não era um jogador vibrador. Pelo contrário: era gélido. Em 1962, por exemplo, no segundo tempo da decisão contra o Mais Querido acertou uma tesoura voadora em direção ao goleiro Fernando, que não segurou o chute. Garrincha (1933-1983), sempre esperto, meteu a bola dentro do gol e decidiu a partida em favor do Glorioso por 3 a 0. Quarentinha vibrou? Nem um pouco. Voltou andando para o meio de campo como se nada tivesse ocorrido.
Na decisão de 1967 – 6 a 2 sobre o Tricolor, recorde até hoje de goleadas em decisões do Campeonato Carioca – recebeu a incumbência de marcar Telê Santana em cima. João Saldanha sabia que por Telê ser um jogador inteligente e técnico, passavam por ele todas as jogadas de ataque do Fluminense. Se Quarentinha cumpriu realmente sua missão, não me recordo. Estava eufórico com os 3 a 0 da primeira etapa e nem prestei atenção.
Me recordo, sim, do verdadeiro esporro que tomou do zagueiro Antônio Correia Thomé, assim que o árbitro Alberto da Gama Malcher apitou o final da primeira etapa. Eu estava de bicão na cadeiras especiais da tribuna e me assustei com a raiva de Thomé. Será que Quarentinha não estava obedecendo João Saldanha? Não sei. Conversei com Thomé, um dia, e ele me disse que apenas exigiu mais empenho do companheiro. Nada mais que isso. Eu não acreditei, por mais que respeite e respeitasse Thomé.
Mas Quarentinha nasceu para fazer gols. Numa excursão à Europa, Pelé, gênio do futebol, deu ele mesmo as instruções a seus companheiros:– "Quando estivermos com a bola no ataque, vamos atrasar para o Quarenta e nos abaixar. Ele vai meter um bomba de onde estiver".
Por isso, Quarenta – tratado assim na pouca intimidade que permitia – marcou 17 vezes na Seleção Brasileira em 17 jogos. Uma marca considerável.Eu, por mim, preferia um atacante lutador, endiabrado e mal-humorado como Paulo Valentim. Mas não posso deixar de ter saudades do incrível Quarentinha, dotado de um chute que deixava a bola ovalada, tão violento era seu petardo.
Coisas que aconteciam a um Botafogo do passado, que recebia a cada jogo a luz brilhante de sua Estrela Solitária.
Carreira no Botafogo:
Campeonato Carioca (1954 a 1964) 155 jogos,134 gols
Torneio Rio-São Paulo (1954 a 1964) 7 jogos, 36 gols
Torneio João Teixeira de Carvalho (1958) 5 jogos, 10 gols
Taça Brasil (1962 e 1963) 7 jogos, 4 gols
Taça Libertadores (1963) 2 jogos, - gols
Amistosos e Torneios (1954 a 1964) 208 jogos, 123 gols
Categoria de Aspirantes (1964) 3 jogos, 6 gols
TOTAL: 447 jogos, 313 gols
TÍTULOS:
Campeão Carioca (1957 e 1962).
Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964).
Quadrangular de Bogotá (1960).
Pentagonal do México (1962).
Torneio de Paris (1963).
Quadrangular do Suriname (1964).
ARTILHARIA:
Campeonato Carioca 1958 – 20 gols
1959 – 27
1960 – 25 gols
Torneio Rio-São Paulo 1960 – 11 gols
Clubes:
1950-1952: Paysandu-PA
1953: Vitória-BA
1954-1956: Botafogo-RJ
1956: Bonsucesso-RJ
1956-1964: Botafogo-RJ
1964-1965: Vitória-BA
1965-1968: América de Cali - Colômbia
Unión Magdalena Santa Marta - Colômbia
Club Deportivo Cali - Colômbia
Atlético Júnior Barranquilla - Colômbia
Do fundo do baú: Todas as terças e sextas.
3 comentários:
BOTAFOGO (RJ) 1 x 0 BANGU(RJ)
Data: 22/10/1957
Campeonato Carioca
Local: Maracanã
Árbitro: Alberto da Gama alcher
Gol: Quarentinha
BOTAFOGO: Adalberto, Thomé e Nílton Santos; Beto, Pampolini e Ney Rosa; Garrincha, Rossi, Paulinho Valentim, Édison e Quarentinha.
BANGU: Ernâni, Darci e Nílton Santos; Alcides, Zózimo e Faria; Calazans, Mário, Ubaldo, Wilson e Luís Carlos.
Waldir Cardoso Lebrego, o Quarentinha, nasceu no Pará, a 15 de setembro de 1933, e morreu no Rio, antes de completar 63 anos, a 11 de fevereiro de 1996. Foi maior artilheiro da história do Botafogo de Futebol e Regatas, com 313 gols. Estreou no Botafogo contra o São Paulo, no Maracanã, a 26 de junho de 1954, na vitória de 5 a 1 sobre o tricolor paulista pelo extinto Torneio Rio-São Paulo.
Peter disse...
Segundo Quarentinha, em 1991, por telefone, meu nome é com "W".
Saudações Botafoguenses.
Postar um comentário